Neste tempo de Verão,
dado mais à distracção do passeio,
do que à marcha atenta do caminho...
e da subida «para Jerusalém»,
somos muito tentados a passar pelas coisas sem as ver.
Ou a ver as pessoas, sem as olhar e conhecer,
sem as tocar por dentro... e compreender.
O tempo de férias que se destinaria
a abrir um espaço de relação e de proximidade,
com Deus e com o próximo,
pode tornar-se um perfeito exercício de avestruz.
De cabeça na areia.
Uma fuga para diante,
em vez de um encontro imediato.
.São, por isso, mais que oportunas, - e bem nos bastam - as palavras de Eugénio de Andrade, num dos seus mais belos poemas:
«As mãos e os frutos». Diz o poeta:
“Passamos pelas coisas sem as ver, / gastos, como animais, envelhecidos: / se alguém chama por nós, não respondemos, / se alguém nos pede amor, não estremecemos. / Como frutos de sombra, sem sabor, / vamos caindo ao chão, apodrecidos”!