Liturgia e Homilias no XXVI Domingo Comum C 2025
Destaque

Reunimo-nos para o banquete da Eucaristia, em que Cristo Se faz Pão partido para a vida do mundo. Queremos que esta mesa posta, para a alegria e alimento da nossa comunhão, seja o sinal e compromisso de abrir a Mesa da Criação a todos os Povos. Não nos tornemos cegos, surdos e indiferentes, a quem, à nossa porta, suplica pelo pão de cada dia. Para celebrarmos dignamente os santos mistérios, invoquemos, desde já, a infinita misericórdia do Senhor.

 

HOMILIA NO XXVI DOMINGO COMUM C 2025

1.Todos os anos, de 1 de setembro a 4 de outubro, os cristãos unem-se e reúnem-se para a celebração do Tempo da Criação, tendo em vista a proteção da Terra, nossa Casa Comum. É uma época especial, em que celebramos Deus como Criador e reconhecemos a Criação, como um ato divino contínuo, que somos chamados a amar e cuidar, a cultivar e a guardar. Neste Jubileu, tão associado ao respeito pelos ritmos naturais da terra e do seu justo pousio, o Papa Leão XIV desafia-nos a ser sementes de paz e de esperança, numa terra devastada por conflitos armados, num mundo destruído pela ganância, que atinge sempre os mais pobres, os mais pequenos, os excluídos do progresso. “Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das alterações climáticas, do desflorestamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade” diz Leão XIV.

2. A parábola que escutámos é uma descrição muito atual e factual do fosso insuperável, do abismo infranqueável, entre ricos e pobres. E denuncia também o consumismo desenfreado de um rico anónimo, que se vestia de púrpura e linho fino, que se banqueteava esplendidamente todos os dias, mas que permanecia cego, surdo e indiferente ao pobre Lázaro, que jazia à sua porta, coberto de chagas, sem direito sequer às migalhas que caíam da sua mesa. Este homem cavou a sua própria sepultura e quando esperava sair do inferno, que ele próprio criou, deu-se conta que era tarde de mais. O céu de um esperado mundo novo constrói-se neste mundo, que hoje nos é dado. A mensagem é, pois, destinada a despertar os vivos, os tais cinco irmãos dos cinco continentes, para a urgência da conversão, face à presente crise ecológica, que é, ao mesmo tempo, uma crise humana e social. Se queremos mudar a nossa sorte e garantir um futuro de vida e uma vida com futuro, não esperemos pela morte, porque os mortos não mudam; não esperemos pelo amanhã, que não está nas nossas mãos. O que tivermos de fazer, façamo-lo hoje, façamo-lo em vida. A conversão pede uma resposta, já e agora, no presente, e não pode tornar-se uma reforma prometida ou uma espécie de dieta adiada, para amanhã ou depois de amanhã…

3. Ao escutarmos esta parábola, em pleno Tempo da Criação, ela faz-nos pensar na urgência de uma conversão ecológica (cf. LS 5;217;220), na imperiosa necessidade de mudar o nosso estilo de vida. Não precisamos apenas de qualidade de vida, precisamos de um outro projeto de vida, centrado não no consumo abusivo e excessivo dos bens da terra, não na exploração egoísta dos recursos do Planeta, mas no intercâmbio de bens entre pessoas, na participação comum de todos nos bens da terra e nos produtos da técnica, para que todos tenham acesso ao banquete da Criação. E isso exige uma mudança radical, que nos leve a cultivar a sobriedade e não o esbanjamento, a simplicidade e não a artificialidade. Trata-se da convicção de que «quanto menos (se consome), tanto mais (se saboreia)». Precisamos de crescer na sobriedade e na capacidade de nos alegrarmos com pouco. Regressemos à simplicidade que nos permite parar a saborear as pequenas coisas, agradecer as possibilidades que a vida oferece, sem nos apegarmos ao que temos nem entristecermos por aquilo que não possuímos” (cf. LS 222).

4.Irmãos e irmãs: o Evangelho não nos pede o desprezo dos bens da terra, em nome da esperança dos bens celestes, nem uma abstinência que exalte o sacrifício pelo sacrifício, mas faz-nos olhar para os bens da terra, como dons de Deus, para alimentar a comunhão entrenós e não o nosso ego; para promover o encontro e a partilha entre todos os filhos da única família humana e não o fosso entre ricos e pobres. Não esperemos um lugar à mesa no Céu, se fizermos da terra o inferno dos pobres. Se não há um Planeta B, nesta terra, também não haverá um Paraíso B no Céu! O que tiveres a fazê-lo, fá-lo em vida!

 

 

 

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