Liturgia e Homilias no I Domingo da Quaresma C 2019
Destaque

40 dias para chegar a bom porto: Cristo, porto da misericórdia e da paz”. Este é o lema da nossa caminhada diocesana da Quaresma. Inspira-nos o profeta Jonas, essa figura paradigmática do apelo à conversão.O itinerário quaresmal encontra, nos 40 dias de penitência pregados por Jonas (Jn 3,4), um especial significado de urgência de salvação, de necessidade imperiosa de arrepiar caminho, para salvar o ser humano e a criação. Mas, no princípio, no centro e na meta deste caminho, está Cristo, que é mais do que Jonas (cf. Mt 12,41)! Com Cristo, o verdadeiro Homem do leme, disponhamo-nos a percorrer o caminho da Quaresma à Páscoa, como uma viagem de quarenta dias (Jn 3,4), que nos leva, de cais em cais, num caminho de saída e com saída, ao encontro reconciliador e renovador com “Cristo, porto da misericórdia e da paz” (Prefácio da Quaresma VI).

Homilia no I Domingo da Quaresma C 2019 - Adultos

 

1. “Quarenta dias para chegar a bom porto” não é propriamente um programa de férias,em modo cruzeiro. Estes quarenta dias reportam-nos, entre outros, aos 40 dias de jejum vividos por Jesus, no deserto. Mas estes 40 dias ganham particular significado quando recordamos o apelo à conversão, que o profeta Jonas lançou outrora aos ninivitas: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída» (Jn 3,4). Não é uma ameaça. É a certeza de que o mundo não pode mudar se não mudarmos nós. É o dado adquirido de que a própria Natureza se vingará, se o homem pecador, dominador e devorador, não se converter em nova criatura, se não aprender a ser filho de Deus e, como tal, a viver como jardineiro e irmão da própria criação.

 

2. O apelo de Jonas contém um especial significado de urgência de salvação, de necessidade imperiosa de conversão, até mesmo de uma conversão ecológica global (cf. LS 18), pois não se pode esperar “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1), uma nova criação, sem um homem novo, sem que o ser humano se torne, em Cristo, “uma nova criatura” (2 Cor 5,17). Não se pode mudar a face da Terra, sem restaurarmos a fisionomia da pessoa, o coração do cristão. Esta conversão ecológica, que está no centro da Mensagem do Papa para a Quaresma, aparece bem clara no Livro de Jonas, quando se diz que “os homens e os animais, os bois e as ove­lhas” (Jn 3,7.8) se associaram à penitência e ao jejum.Toda a forma de vida que há sobre a Terra é solidária e depende do que realizam as mãos do ser humano.

 

3. Que fazermos então, nesta 1.ª semana da Quaresma, para chegarmos a bom porto, ou, se quisermos, para transformarmos o deserto da criação no jardim da comunhão (Mc 1,12-13; Is 51,3)? O Evangelho desmascara tentações e indica remédios.

 

1.º Não cair na tentação de transformar pedras em pão.Isto implica aceitar o pão como fruto da terra, do suor, da fadiga e do trabalho do homem. Não queiramos devorar tudo e satisfazer imediatamente todas as nossas necessidades materiais. Não devemos sequer manipular a semente, o grão ou o pão, mas respeitemos os processos naturais da própria criação. Para vencer esta tentação, façamos jejum. Sim, jejum! Sejamos radicais: vamos ao mais simples, ao mais natural, para consumir apenas e só o essencial. Entremos nestadieta, não por cosmética corporal, mas para “recuperar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos”.

 

2.º Não cair na tentação de nos julgarmos os donos disto tudo. Quantas vezes sonhamos, no mais curto tempo, conquistar o maior espaço possível de poder sobre todos os reinos da Terra. Assim nos tornaríamos deuses e senhores absolutos do mundo. O remédio para esta tentação é o culto da oração. Quando rezamos, por exemplo, o Pai-nosso, o «eu» é uma palavra que desaparece do mapa. E Cristo volta ao leme da nossa vida. Rezemos mais. Rezemos sempre.

 

3.º Não cair na tentação da ilusão de um corpo sem limites.É grande a tentação de violar os próprios limites da natureza humana e de querer transformar todo o desejo em direito, numa ambição desmedida e egoísta de bem-estar pessoal. O melhor remédio, para isto, é sair de si mesmo, ao encontro do outro, é estender a mão, é partilhar o pão, que se recebe, se agradece e se oferece ao outro, como um dom. Gastemos menos connosco. Dêmos mais aos demais que têm de menos.

 

4. Irmãos e irmãs: a criação espera ansiosamente que aprendamos a viver na gloriosa liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,19). Porque, quando tal acontecer, ganharão todos, ganharás tu, ganhará o teu irmão e ganhará, em beleza e harmonia, a própria criação.

 

5. “Quarenta dias para chegar a bom porto”. É bem tempo – meu irmão, minha irmã – de entrares neste cais de partida, para sermos poupados ao caos da destruição, para que seja salva a humanidade e a criação. Não fiques em terra, que dos 40 dias, três… já lá vão!

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Homilia no I Domingo da Quaresma C 2019 - Missa com Catequese

 

1. “Quarenta dias para chegar a bom porto” não é propriamente um programa de férias,em modo cruzeiro. Estes quarenta dias reportam-nos, entre outros, aos 40 dias de jejum vividos por Jesus, no deserto. Mas estes 40 dias ganham particular significado quando recordamos o apelo à conversão, que o profeta Jonas lançou outrora aos ninivitas: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída» (Jn 3,4). Não é uma ameaça. É a certeza de que o mundo não pode mudar se não mudarmos nós. Sabemos bem que a própria Natureza se vingará, se o homem pecador, dominador e devorador, não se converter em nova criatura (2 Cor 5,17), se não aprender a ser filho de Deus e, como tal, a viver como jardineiro e irmão da própria criação.

 

2. Esta conversão ecológica (esta mudança de atitude, em relação ao mundo que nos rodeia) está no centro da Mensagem do Papa para a Quaresma e aparece bem clara no Livro de Jonas, quando se diz que “os homens e os animais, os bois e as ove­lhas” (Jn 3,7.8) se associaram à penitência e ao jejum. Toda a forma de vida que há sobre a Terra é solidária e depende do que realizam as mãos do ser humano. Não se pode, portanto, mudar a face da Terra, sem restaurarmos a fisionomia da pessoa e o coração do cristão.

 

3.Nesta 1.ª semana da Quaresma, damos entrada no cais de partida. Como diz o ditado popular: “Se vais para o mar, avia-te em terra”. Quais as recomendações do Evangelho, ao entrarmos nesta viagem, para chegarmos a bom porto?

 

1.º Ter uma alimentação sóbria, para não sofrer enjoos! Não cair na tentação de transformar pedras em pão. Não queiramos devorar tudo e satisfazer imediatamente todas as nossas necessidades materiais. Para vencer esta tentação, façamos jejum. Sim, jejum! Sejamos radicais: vamos ao mais simples, ao mais natural, para consumir apenas e só o essencial. Entremos nestadieta, não por cosmética corporal, mas para “recuperar a nossa fisionomia de cristãos”.

 

2.º Levar apenas a mala de mão, para não sobrecarregar o porão do navio. Não podemos cair na tentação de viajar pelo alto-mar, levando o mundo inteiro e a nossa casa às costas. Quantas vezes sonhamos, no mais curto tempo, conquistar o maior espaço possível de poder sobre todos os reinos da Terra. O excesso de peso não nos deixa elevar o coração para Deus. O remédio é o culto da oração. Quando rezamos, por exemplo, o Pai-nosso, o «eu» é uma palavra que desaparece do mapa. E Cristo volta ao leme da nossa vida! Rezemos mais. Rezemos sempre.

 

3.º Estender a mão a quem viaja connosco. Nesta “barca” ou se salvam todos ou não se salva ninguém. Não cair na tentação de querer transformar todo o desejo em direito, numa ambição desmedida e egoísta de bem-estar pessoal. O melhor remédio, para isto, é sair de si mesmo, ao encontro do outro, é estender a mão, dar a mão, é partilhar o pão, que se recebe, se agradece e se oferece ao outro, como um dom. Gastemos menos connosco. Dêmos mais aos demais que têm de menos.

 

4. “Quarenta dias para chegar a bom porto”. É bem tempo – meu irmão, minha irmã – de entrares neste cais de partida, para sermos poupados ao caos da destruição, para que seja salva a humanidade e a criação. Não fiques em terra, que dos 40 dias, três… já lá vão!

 

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