Liturgia e Homilias no IV Domingo do Tempo Comum C 2019
Destaque

Em pleno Ano Missionário, o fracasso de Jesus em Nazaré ajuda-nos a mantermo-nos de pé perante a rejeição, a recusa e a perseguição. Quão depressa muda o coração em Nazaré. Nós aqui vimos, para acolher Jesus, para que Ele não seja expulso da nossa cidade, nem rejeitado pelo nosso coração e para que Ele nos anime e fortaleça na missão. Deixemos que a Sua Palavra nos arda cá dentro e o Seu amor se apodere de nós.

 Homilia no IV Domingo Comum C 2019

1. “Eu sou uma missão na minha terra” (EG 273)! Assim se vê Jesus em Nazaré! Mas jogar em casa nem sempre garante o melhor resultado. Tudo começa bem, quando “todos davam testemunho a seu favor”, mas rapidamente o aplauso se converte em desconfiança: “Não é Ele o filho de José?” (cf. Lc 4,22). Como pode ser, que este nosso conterrâneo, de quem conhecemos a família e a profissão, possa apresentar-Se agora como o Messias?! Como pode ser que o Filho de José, o carpinteiro, e de Maria, seja afinal o Filho de Deus, assim tão próximo, tão fraterno, tão familiar, tão terra a terra?! E Jesus não estranha a reação. Lembra dois grandes profetas, Elias e Eliseu, que tiveram mais sucesso entre os pagãos e fora de Israel, do que entre as gentes da sua terra. Furiosos, os ouvintes da sinagoga expulsam Jesus da cidade e querem precipitá-l’O do cimo da colina!

2. Desta cena, pouco edificante, tiremos três notas, para viver o Ano Missionário:

2.1. Em primeiro lugar, não estranhemos a desconfiança de quem, porventura, nos olha com desdém, pelo facto de sermos tão próximos ou conhecidos, e, por isso, a seus olhos, não gozarmos de autoridade académica ou de estatuto religioso para evangelizar. Na verdade, “se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-l’O, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções” (EG 120). Exatamente porque ninguém é profeta na sua terra, é importante começar pela própria terra, mas não entre os que já frequentam a sinagoga. Ponhamos pés ao caminho e vamos, entre as gentes, ao encontro dos vizinhos que ainda nos são estranhos ou desconhecidos. Se não fordes vós, leigos, no próprio ambiente, a evangelizar, quem o será em vosso lugar?!

2.2. Em segundo lugar,não queiramos uma garantia de êxito na missão. Jesus evangelizou em Nazaré, onde a Sua palavra não teve acolhimento. Evangelizar não significa necessariamente tornar cristãos todos os homens, nem fazer voltar à Igreja todos os batizados. Evangelizar não é conquistar território; é anunciar, com factos e palavras, e assim dar a possibilidade, a quem tiver boa vontade, de ouvir uma Boa Nova e, se assim quiser, acolhê-la. Deste modo evangelizamos, preparados para a aceitação e para a recusa, sem esperar sucessos estrondosos ou conversões em massa. Nós não temos o poder de produzir a fé! Podemos apenas velar pelas condições que tornam a fé possível, compreensível e desejável. Não desanimemos, pois, perante o fracasso. Confiemos no Espírito Santo, que «vem em auxílio da nossa fraqueza» (Rm 8,26).Não queiramos ser pessoas de sucesso, mas cristãos “misteriosamente fecundos” (EG 280), na cruz da rejeição.

2.3. Em terceiro lugar, convertamo-nos numa Igreja que convida, envolve e valoriza, não a prata, mas todo o ouro da casa. Há tantas pessoas na nossa terra, de todas as idades, com dons, talentos, qualidades, nas diversas artes (da música, da dança, do teatro, da pintura, da decoração), na animação cultural, nas novas tecnologias, no cuidado dos mais frágeis, etc. Como havemos de querer que elas acreditem em Deus, se nós não acreditamos nelas?! Não comecemos logo a murmurar, como em Nazaré: “Mas, estes jovens, não são irmãos de fulano, parentes de beltrano? Não são aquelas crianças que ajudamos a crescer? Como podemos acreditar nelas? E este ali… não é o que partia sempre os vidros com a bola? E assim… uma pessoa que nascera para ser profecia e anúncio do Reino de Deus acaba domesticada e empobrecida” (Papa Francisco, Homilia na JMJ, Panamá, 27.1.2019). Valorizemos as pessoas da nossa terra, saibamos convidá-las, envolvê-las em algum grupo, serviço ou compromisso.

3. Irmãos e irmãs: não sonhemos a missão às gentes de além-mar, se cada um não se tornar uma missão na sua terra e entre as suas gentes! Vamos lá, sem temer e sem tremer. Com todos, tudo e sempre em missão!

Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk