HOMILIA NO 1.º DOMINGO DO ADVENTO A 2025
Todos esperam por Ti
Sim. “Todos esperam. No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expetativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã” (Spes non confundit, n.º 1). A Humanidade, a Igreja e cada pessoa, esperam mais do que uma prenda-surpresa, uma melhoria de condições de vida, uma Ceia melhorada. Todos esperam por Ti, Senhor. Todos esperam Cristo. E, mesmo quando não estão conscientes de que O esperam, no fundo, é a Ele, é a Jesus, que todos esperam, quando sonham uma vida nova, uma nova terra, um tempo novo, uma nova ordem, uma era de paz e prosperidade, em que as espadas se transformam em relhas de arado e as lanças em foices. Quem dera as armas da guerra se transformassem em instrumento de trabalho, para construirmos um mundo de justiça, de amor e Paz. Estes são os maiores bens, as melhores prendas de Natal, “os bens prometidos que, entretanto, vigilantes na fé, ousamos esperar” (Prefácio do Advento 1). Na verdade, a esperança cristã, à medida que se dilata o coração, deixa de se concentrar nos bens terrenos, para procurar a fonte de todos eles: o próprio Deus. Os cristãos não esperam algo, mas Alguém. Por isso, a esperança do Natal não pode confundir-se com as prendas. A esperança, que o Advento desperta para este Natal que se aproxima, não se embala em melodias sentimentais, nem se sacia com comidas e bebidas, imagens e ruídos a mais.
Perguntemo-nos, em verdadeiro espírito de oração: Quais são as minhas expetativas para este Natal? Que sonhos ou desejos acalento no meu coração? Há em mim, esta esperança, na vinda do Senhor?
Abre-nos caminhos de esperança
Irmãos e irmãs: iniciamos hoje esta breve caminhada. Mas não caminhemos sozinhos e às escuras, sem companhia nem direção. «Caminhemos à luz do Senhor»! Caminhemos juntos. O convite do profeta Isaías «caminhemos, vinde, subamos» dirige-se à Casa de Jacob, à Igreja, à comunidade, à pequena e à grande família. É um convite feito no plural, como acontece na Carta de São Paulo aos Romanos: «andemos, levantemo-nos… abandonemos, revistamo-nos». Por isso, um caminho de esperança é sempre um caminho de vigilância, um caminho em conjunto, e não um caminho isolado, por conta própria. Não seguimos o Senhor, fechados nas nossas comodidades ou nos labirintos das nossas ideias, mas, todos juntos, em caminho, a caminho e no caminho com Ele. Num mundo dilacerado por divisões e sem paz, o Espírito Santo desafia-nos a caminhar juntos. Juntos podemos acordar e discernir melhor os sinais, juntos podemos conhecer e realizar melhor a vontade de Deus. Hoje escolhamos este caminho de esperança: caminhar juntos.
Para um Natal em modo sinodal
O que implica tudo isto? Implica uma escolha: preferir a comunidade à comodidade, preferir a companhia à solidão! Para celebrar o Natal, em modo sinodal, é preciso renunciar à tentação do «meu Natal», isolado e descartado da comunidade, e celebrá-lo com os outros: em família, em comunidade cristã, em Eucaristia.
Perguntemo-nos finalmente sobre o nosso modo de caminhar para o Natal: Caminhamos juntos ou cada um para seu lado? Vamos orgulhosamente sós ou escolhemos «os sós» por companheiros do caminho? O que queremos afinal: celebrar o «Natal com todos» ou o Natal dos sós?!