Liturgia e Homilias no II Domingo Comum C 2025
Destaque

Entramos no Tempo Comum. A Liturgia veste-se de verde, a cor litúrgica que associamos à esperança. Para nós, esta esperança renova-se em cada Domingo, o primeiro da semana, o dia da Ressurreição, «o oitavo dia», o dia novo, que ultrapassa o ritmo habitual, marcado pela cadência semanal. Celebramos o Domingo, na expetativa do Domingo, sem fim, “abrindo assim o ciclo do tempo comum à dimensão da eternidade, à vida que dura para sempre: está é a meta, para a qual tendemos na nossa peregrinação terrena (cf. Rm 6,22)” (cf. Spes non confundit, n.º 20); esta é a meta da qual nos tornamos “Peregrinos de esperança”. Desta esperança, dá-nos testemunho Maria, na cena das bodas de Caná, esperando de Jesus a resposta para aquilo que parecia não ter saída nem solução. Maria é sobre a mesa a vela acesa da nossa esperança.

Homilia no II Domingo Comum C 2025

 

As bodas de Caná contam seis talhas, o número da imperfeição, mas são uma fonte de inspiração (com mais de sete bicas!) para quem se atreve a esperar pelo vinho bom. Para não vos embriagar, Maria vai servir-nos três taças cheias do vinho da esperança!

1. Primeira taça: «Não têm vinho» (Jo 2,3)! O vinho é o sinal de alegria, do amor, da abundância, da esperança. «Não têm vinho», quer dizer, não têm alegria, não têm amor, não têm casa, não têm saúde, não têm trabalho, não têm paz. Maria vê que falta ali o vinho, mas não desespera, não deprime face às incertezas da vida, não se enfurece perante os dramas, mantém a confiança fundamental na vida, tal qual ela é, com os seus dias felizes e com as desgraças que ninguém deseja. Nessa esperança, Maria vê que falta o vinho, mas não vai ter com o chefe de mesa. Maria dirige-Se com confiança a Jesus. A resposta de Jesus podia até desalentá-la: «E que tem isso a ver contigo e comigo? Ainda não chegou a minha hora» (Jo, 2,4). Mas, entretanto, Maria espera tudo de Jesus, não sabe bem o que virá, mas espera, com toda a confiança. Para já, Maria deixou o problema nas mãos de Deus. Maria ensina-nos, assim, a rezar, a confiar, a passar a batata quente, a entregar, às mãos de Deus, os nossos vazios, os nossos problemas, as nossas ansiedades, aquilo que parece não ter remédio nem saída na nossa vida. Maria ensina-nos a rezar, para dar força à esperança; ensina-nos a confiar ao Senhor as nossas talhas vazias ou aguadas, para as encher do vinho da esperança. Em Caná, Maria é sobre a mesa a vela acesa da esperança. Ela acende a chama viva da esperança. Ela sabe que as nossas preocupações também preocupam a Deus! Jesus é a Porta de saída, para o que parece sem solução. Desta esperança, Maria ergue a segunda taça:

2. Segunda taça: “Fazei o que Ele disser(Jo 2,4)! Maria não fica sentada, à espera que chova. Ela atua com sensatez e coragem. Põe-se ao serviço e envolve os serventes: «Fazei o que Ele vos disser». Diga Ele o que vos disser, fazei-o. No coração de Maria, há a grande esperança deste amor de Deus, que não engana(Rm 5,5). “Fazei o que Ele vos disser” indica a certeza de que Deus nunca nos deixará sem saída. Às vezes, perdermos a esperança de encontrar uma saída. Dois ou três insucessos e desanimamos. E então embebedamo-nos com o vinagre do desespero: “Talvez me tenha enganado na escolha; talvez tenha feito tudo errado; sinto-me agora atado de pés e mãos. Estou num beco sem saída». A frase de Maria vai em sentido contrário: “Fazei o que Ele vos disser”, porque há uma saída, há uma solução, para ti, para a tua família, para este mundo que parece condenado à guerra, à fome, ao desastre ecológico. Desta confiança em Deus, nascem todas as energias de renovação! Nesta esperança, é possível mudar a água em vinho, transformar os corações, mudar as situações.  No casal, em família, os milagres fazem-se com o que há, com o que somos, com o que se tem em casa e com o que tem à mão. Até a água de lavar as mãos se pode converter em vinho bom, porque, pela graça de Deus, «onde abunda o pecado, superabunda a graça» (Rm 5, 20).  Com esta esperança é sempre possível recomeçar. Ora, o Jubileu “é um novo início, a possibilidade para todos de recomeçar a partir de Deus. Com o Jubileu começamos uma nova vida, uma nova etapa” (Audiência, 11.01.2025). Não deixemos que nos roubem a esperança!

3. Terceira taça:Tu guardaste o melhor vinho até agora(Jo 2,10). O melhor vinho ainda não foi bebido. O que há de mais gracioso, de mais belo e profundo, para o casal, para a família, ainda não chegou. O melhor vinho aguardamo-lo com esperança; ainda não veio para cada pessoa ou família, que aposta e arrisca tudo no amor. O melhor vinho não é o da despedida de solteiro, o das bodas de casamento, o da viagem de núpcias. O melhor vinho virá ainda. Recordo aquele marido, à porta da Igreja, para a celebração das bodas de ouro matrimoniais. Mostro-lhe o guião, com a foto do casamento. Ele olha para a esposa e diz-lhe: “Tu agora estás muito mais bonita”. Sussurrai aos vossos corações, dizei-o aos desesperados, aos que desistiram do amor: “O melhor vinho vem no fim. Tende paciência, tende esperança. Deus é rico em dons e surpresas”. Como Maria, rezai, atuai, abri o coração, porque o melhor vinho ainda está para vir!  Enchamos as talhas vazias, com a água das nossas lágrimas e preces. E o Senhor nos dará o melhor vinho, o vinho bom, servido por Jesus, no cálice da nova e eterna aliança!

 


 

 

 

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