Liturgia e Homilias no XXXII Domingo Comum A 2023
Destaque

Estamos já na reta final do ano litúrgico. Apagadas as velas, que foram acesas no início de novembro, já se se preparam e acendem, nas ruas e nos centros comerciais as luzes do Natal. Mas a Liturgia ensina-nos a viver o presente, a não queimar etapas, a não esgotar as energias da festa antes do seu tempo. Este é ainda o tempo da espera, da preparação, da luta, da vigilância. E nós aqui estamos para reabastecer a almotolia do nosso coração, a fim de mantermos acesa em nós a luz da fé, da esperança e do amor. E fazemo-lo na conclusão da Semana dos Seminários, pedindo a Deus a sabedoria dos caminhos que nos quer abrir, para que não faltem à Igreja os Pastores que Deus quer, quando quer e como quer.

Homilia no XXXII Domingo Comum A 2023

 

O azeite está caro, mas não foi por isso que veio a faltar! E o noivo chegou tarde e não certamente, por causa do trânsito. Esta parábola tem realmente muitos aspetos curiosos. Fixemos a nossa atenção na resposta a três perguntas simples:

1. Primeira pergunta: “Qual é o significado desta demora do noivo”? É uma clara alusão ao tempo da espera, que vai da primeira à última vinda do Senhor. É Cristo o divino Esposo. Veio há dois mil anos. Virá um dia na Sua glória. Vem hoje e em cada dia ao nosso encontro. A parábola não diz quando virá, mas diz como vivermos até lá. Até lá, e não sabendo até quando será, é preciso manter-se atento, vigilante, diligente, operante, em busca constante. O tempo presente é este tempo da espera, uma espera ativa, alegre, e não uma espera dormente e arrastada. Trata-se de uma espera, que nos faz sair alegres ao encontro d’Aquele que esperamos. Não O esperamos, por isso, sentados nos bancos dos reformados, na cadeira do desânimo, das lamúrias, da monotonia. O tempo da demora do Esposo é este tempo que, por graça, nos é dado viver hoje. O risco é não levarmos a sério o presente. O risco é adiar a vida, adiar as escolhas para amanhã, adiar a conversão para daqui a uns anos e até adiar o casamento para o dia de “São Nunca”. O risco não é o de morrer de repente. O risco é, o de repente, não viver. É preciso estar presente ao presente. Não deixar para amanhã o que deve ser feito hoje.

2.Segunda pergunta: “Porque é que as amigas prudentes não deram do seu azeite às amigas insensatas”? Não é este um mau exemplo de falta de solidariedade entre amigas? Não. Não é. Porque o azeite é aqui o símbolo da fé e da fidelidade, da espera e da esperança, do amor e da caridade, que arde no coração de cada pessoa. O facto de este azeite não ser já partilhável parece significar isto mesmo: ninguém se alimenta por mim; ninguém respira por mim; ninguém vive em minha vez. Por isso, nesta recusa de transfusão do azeite, a parábola adverte-nos para o risco de não vivermos a nossa própria vida, quando queremos viver a vida dos outros ou à custa dos outros; há sempre o risco de nos fiarmos nos bens alheios e no trabalho dos outros, sem nos empenharmos pessoalmente e realizarmos as próprias obras do amor. Cada um dará contas de si mesmo a Deus. E, diante d’Ele, a nossa responsabilidade é sempre pessoal e intransmissível.  A parábola parece dizer a cada um: “Vê bem a provisão de fé e caridade, com que te apresentarás diante de Mim. Imagina que hoje mesmo serás chamado à minha presença. Se bateres à porta, não te conhecerei se não Me reconheceste nos irmãos, se não ouviste o meu brado, no grito dos pobres e dos que sofrem”.

3.Terceira pergunta: “Porque se acabou a provisão de azeite”? Hoje há muitos cristãos apagados, sem chama, sem luz, sem brilho. Hoje há muita gente em burnout, gente “queimada” pela vida dura, esgotada; gente que, frente às dificuldades da vida, se encontra sem defesas morais, sem os necessários recursos espirituais. Porquê? Porque se esqueceram de procurar continuamente as fontes da vida; esqueceram-se de recarregar as baterias nas fontes de energia renovável: esqueceram-se de embeber a sua fé na sarça ardente da oração; esqueceram-se de fazer da escuta da Palavra um fogo de transformação do seu coração; esqueceram-se de alimentar a chama da sua fé na celebração dominical da Eucaristia; e de a pôr em prática na caridade. E assim, pouco a pouco, perderam esse pouco que tinham, até chegarem ao vazio, porque deixaram de se abastecer e renovar espiritualmente.

Irmãos e irmãs: nenhum de nós tem raízes no chão. É preciso reforçar a almotolia das nossas provisões interiores, cuidar e fortalecer a nossa força moral, alimentar a nossa vida espiritual, senão depressa se vai e esvai a paciência e a força para a luta no longo tempo da espera. Felizes aqueles a quem o Senhor abrir a porta e reconhecer pelo facho aceso das suas obras de fé, de esperança e de amor!

 

 

 

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