Liturgia e Homilias no 2.º domingo do Tempo Comum A 2023
Destaque

Celebramos hoje o 2.º Domingo do Tempo Comum. Depois das festas natalícias e da Manifestação do Senhor no seu Batismo, chegou a hora de Jesus ser apresentado por João Batista. Conhecer Jesus e dá-l’O a conhecer com mansidão é o testemunho que João nos deixa hoje. Na verdade, as imagens belas do cordeiro e da pomba sugerem-nos a mansidão, como forma de ser e como estilo de evangelização. Deixemo-nos então converter pelo Senhor, cuja força e poder Se revelam no Seu coração manso e humilde.

Homilia no II Domingo do Tempo Comum A 2023

1. João Batista apresenta-nos hoje a figura de Jesus, batizado por ele no rio Jordão! João Batista não faz uma apresentação exaustiva da biografia ou do currículo oculto de Jesus, ao longo de 30 anos de silêncio. Não. João apresenta Jesus, dando testemunho do que viu, ou melhor, do que lhe foi dado ver, da sua experiência de revelação e de encontro pessoal com Jesus. Jesus é manifestamente diferente do que João pensara d’Ele. Imaginava-O um rei forte, poderoso, potente. Mas, na verdade, é apresentado agora como um Cordeiro, um Servo, manso e humilde de coração, pronto a sacrificar a própria vida, para salvar a nossa. Jesus não voa altivo sobre asas de águia, mas sobre Ele desce e permanece o Espírito em forma de pomba, uma ave simples, alegre, sem fel. Pela sua doçura e mansidão a pomba é associada à paz, à nova criação, à simplicidade (cf. Mt 10,16) e ao amor. Torna-se então claro: Jesus não entra neste mundo com botas de guerra. Não se afirma nem pela força, nem pelo poder. Não por ser débil, tímido ou mole. Mas por ser manso e humilde de coração (cf. Mt 11,29). 

2. Numa das suas bem-aventuranças, Jesus propõe-nos esta mansidão como estilo de vida (Mt 5,4), como forma de ser, como via da santidade. O manso não se impõe, mas propõe e propõe-se, deixando o outro ser quem é. Alheio ao espírito de competição e de rivalidade, o manso é aquele que não usa o poder para dominar o outro, mas para se dominar a si mesmo, dando espaço ao outro, mostrando assim que tem poder sobre o seu próprio poder, que se domina a si mesmo, que tem uma força interior mais forte do que a sua própria força instintiva, que goza de uma liberdade mais livre que a sua livre vontade. Neste nosso tempo, de tantas tensões, de tantas violências, doméstica e social, de uma guerra mundial em pedaços, tempo em que tanto ansiamos pela paz, ser discípulo do Cordeiro significa pôr no lugar da malícia a inocência, no lugar da força o amor, no lugar da soberba a humildade, no lugar do prestígio o serviço. Deixar descer e permanecer em nós a pomba do Espírito Santo significa preferir o mel ao fel, a simplicidade à exuberância, a humildade à arrogância, a mansidão à violência, o perdão à vingança, a ternura à agressividade, a docilidade à dureza, a gentileza à rudeza, a escuta à acusação, a unidade ao conflito. Reagir com humilde mansidão é verdadeiramente um dos mais belos e urgentes testemunhos de santidade (cf. GE 71).

3. Esta mansidão deve também marcar o nosso estilo de evangelização. Um pastoralista reconhecido (Armando Matteo) tem chamado a atenção para a urgente proposta de um cristianismo de mansidão, que olha a pessoa, que a deixa ser quem é, que se aproxima e cuida dela. E a Palavra de Deus recorda-nos que, inclusive, quando alguém defende a sua fé e as suas convicções, o cristão nada impõe, mas propõe Cristo com mansidão (cf. 1 Pd 3, 16). Os próprios adversários devem ser tratados com mansidão (cf. 2 Tm 2, 25). Na Igreja, errámos muitas vezes por não ter acolhido este apelo da Palavra divina (cf. GE 73).

4.Precisamos todos, eu e vós, de aprender do Coração manso e humilde do Senhor, para nos tornarmos pessoas misericordiosas e pacificadoras, capazes de descalçar os pés diante da terra sagrada do outro (Ex 3, 5; EG 169), para ouvir e respeitar a história singular de cada um, para propor algum caminho de fé, preferindo dar testemunho e não exibir o argumento da autoridade. Só o testemunho de um coração simples, manso e humilde, pode desarmar as variadas resistências, por parte dos que se aproximam de nós com duas pedras na mão. Esta mansidão pode não nos fazer ganhar terreno ou conquistar território, mas certamente atrairá outros para Cristo, alargará o espaço da nossa tenda, até alcançarmos juntos a felicidade da terra prometida (cf. Mt 5,4).

 

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Homilia na missa com a Catequese | 2.º Domingo do Tempo Comum A 2023

 

1.João disse-nos, por duas vezes, que não conhecia Jesus. Teve de aprender a conhecê-l’O, tal como Jesus se manifestava e não como ele o imaginava. É importante crescer no conhecimento de Jesus. Não nos convençamos de já O conhecermos, de já sabermos tudo acerca d’Ele. Não. Estes seis domingos do Tempo Comum até à Quaresma podem ajudar-nos a conhecer melhor Jesus, escutando a sua Palavra, cultivando a amizade e a proximidade com Ele, sobretudo na oração e na Eucaristia.

2.João não só aprendeu a conhecer Jesus como foi o primeiro a dá-l’O a conhecer, a apresentá-l’O aos outros. Quem conhece Jesus não pode senão dá-l’O a conhecer. O encontro com Jesus leva-nos sempre a levá-l’O e a apresentá-l’O aos outros. Pensemos em quantos se cruzam connosco, na escola, na família, no trabalho. E tenhamos esta preocupação de lhes apresentar e dar a conhecer Jesus, de partilhar com eles a alegria do nosso encontro com Jesus e o modo como Jesus torna a nossa vida mais bela.

3.Como dar Jesus a conhecer? Qual é a melhor forma? Façamo-lo ao jeito de João e segundo o estilo de Jesus.

3.1.Qual é então o jeito de João para apresentar Jesus? É o testemunho: “eu vi e dou testemunho” (Jo 1,34). Seja a nossa própria vida, transformada por Cristo, o nosso primeiro anúncio, o nosso primeiro testemunho. O testemunho é a primeira forma de evangelização. O testemunho convence mais do que os nossos argumentos ou conhecimentos teóricos. As pessoas de hoje valorizam mais as testemunhas que os mestres!

3.2. Qual é o estilo de Jesus, para o anúncio? É a simplicidade e humildade da pomba; é a mansidão do cordeiro que Se oferece por nós. O próprio Jesus disse: “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). Quando alguém defende a sua fé e as suas convicções, não deve impor, mas sempre propor Cristo com mansidão (cf. 1 Pd 3, 16); os próprios adversários devem ser tratados com mansidão (cf. 2 Tm 2, 25). Reagir à violência, à crítica, às ofensas, com humilde mansidão é uma bela forma de santidade, é a melhor forma de dar testemunho de Jesus (GE 71). Na Igreja, errámos muitas vezes por não ter acolhido este apelo da Palavra divina (cf. GE 73), que nos ensina a mansidão como forma de ser e de agir.

4. Peçamos então esta tríplice graça:

4.1 de conhecer e amar cada vez mais Jesus;

4.2.de O propor, de O apresentar e de O dar a conhecer aos outros;

4.3.mas em tudo e sempre, sem O impor, com a humildade e a mansidão do coração.

 

 


 

 

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