Liturgia e Homilia | Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus 2020
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Ano novo, vida nova! Confiamos o 1.º dia do ano civil e o ano novo de 2020 à proteção da Virgem Maria, que aclamamos hoje como Mãe de Deus. Este é também o (quinquagésimo terceiro) Dia Mundial da Paz. Nesta Oitava do Natal, o Evangelho recorda-nos a circuncisão e a imposição do nome: “Deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo antes de ter sido concebido no seio materno” (Lc 2,21). O nome exprime a singularidade de cada um, o caráter original e irrepetível da cada pessoa. Todos somos filhos de Deus. Todos somos fruto do pensamento amoroso de Deus. Deus conhece, ama e chama a todos e a cada um pelo próprio nome. Vamos acender estas velas, recordando que no coração de Deus estão inscritos os nossos nomes.

Homilia na Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus – Dia Mundial da Paz 2020

1. Entrámos em 2020. Com o pé direito ou com o pé esquerdo? Tanto faz! O mais importante é deitar pés ao caminho, seguros de uma grande meta, que justifique toda e qualquer canseira. E se pudéssemos resumir numa frase todos os votos expressos, nesta passagem de ano, eles poderiam traduzir-se nesta invocação: “O Senhor te conceda a Paz” (cf. Nm 6,26). A Paz é a síntese de todos os bens; é o bem mais precioso, que constitui o objeto maior da nossa mais profunda esperança. Pela paz, todos esperamos e aspiramos! E a esperança é a virtude que nos dá asas para continuar a pôr os pés em caminho largo e a construir, com as nossas próprias mãos, a paz, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis! Não podemos nunca perder a esperança da paz, porque o dom obtém-se tanto quanto se espera! Não se obterá nunca a paz, se não a esperarmos ardentemente!

2. Se a esperança nos dá asas para continuar a trilhar, dia a dia, em cada dia, os árduos caminhos da paz, que nomes poderíamos dar a cada uma destas duas asas?

2.1. A primeira asa tem inscrito o santo nome de Deus:Invocarão o Meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei”(cf. Nm 6,27), diz o Senhor a Moisés. A invocação do santo nome de Deus predispõe o coração para acolher o dom da paz. No início de um novo ano, cheio de incertezas e de fraquezas, sentimos necessidade de invocar o santo nome de Deus, de invocar a presença, a ação e a providência de Deus, que nos precede, guia e acompanha ao longo da nossa história. Deus é o Senhor dos dias, do tempo, das vicissitudes, o início e o fim de todas as coisas. Sabemos bem que, para alcançar a paz, não nos bastam acordos diplomáticos, declarações de intenções, palavras belas e nobres sentimentos. Os homens e mulheres só podem construir a paz quando descobrirem a sua raiz comum de filhos de Deus. A descoberta de que somos filhos de um único Pai celeste elimina o desejo de dominar os outros e faz-nos olhar para todos os outros como filhos de Deus. Esta é a primeira asa da esperança na Paz: somos todos filhos de Deus, a quem o Pai ama e chama, a quem conhece e reconhece pelo próprio nome. O nome dado a cada um, no dia do Batismo, indica que cada um de nós é filho único de Deus, cada um de nós é singular, é diferente de todos os outros. Cada vida nova é uma promessa e uma bênção para todos. Esta diferença não é uma ameaça a abater, mas uma riqueza a valorizar.

2.2. A segunda asa tem inscrito o santo nome de Jesus, indicado pelo Anjo e dado ao Menino, por Maria e José. O nome diz a pessoa e a missão: “Deus salva-nos”. Jesus veio revelar-nos o verdadeiro nome, isto é, o verdadeiro rosto de Deus, a quem chama «Abbá» (Gl 4,6; Rm 8,15), «Paizinho», «Pai nosso» (Mt 6,9; Lc 11,2). No Filho Jesus, descobrimos que Deus Pai nos deu um “Irmão” que, em caso algum, se envergonhará de nos chamar irmãos (cf. Heb 2,11). Quanto mais conscientes de que somos filhos, tanto mais nos descobrimos irmãos, chamados a viver em harmonia [Sl 133 (132), 1]! Nesta perspetiva, o outro, o refugiado, o estrangeiro, o imigrante, o inimigo, o adversário, o diferente de mim, não pode ser reduzido ou reconduzido à condição da terra onde nasceu, da cor da pele, da religião, do que disse ou fez, mas deve ser considerado pela riqueza do que é e do que traz em si mesmo. A cultura do encontro entre irmãos rompe com a cultura da ameaça e do medo. Torna cada encontro uma possibilidade e um dom do amor generoso de Deus!

3. Que o Espírito Santo, “guardião da nossa esperança” (cf. Rm 8,23; São João Paulo II, Dom. Vivif. 67), seja a nossa “pomba da paz” (cf. Gn 8,8-12), a cobrir-nos com as duas asas da filiação divina e da fraternidade humana. O Espírito Santo, que gerou o Filho de Deus, no seio da Virgem Maria, nos inspire, em cada dia do novo ano, as atitudes e as palavras certas para nos tornarmos artesãos da justiça e da paz. Neste Dia Mundial da Paz não esqueçamos esta bem-aventurança e a sua promessa: “Felizes os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Todos filhos de Deus. Todos irmãos. De mãos dadas, abracemos com esperança o ano novo de 2020. Que seja de Paz para todos.

 

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