Celebramos a meio de agosto, a Assunção de Nossa Senhora, a Páscoa de Maria. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é a primeira criatura associada à glória da ressurreição do Seu Filho. Por isso, em Maria vemos realizada a esperança da Ressurreição, que nos está prometida. Ela é a Estrela da nossa Esperança. Ela corre ao nosso encontro para nos fazer caminhar com os pés na terra e os olhos postos no céu, meta da nossa peregrinação para a Casa do Pai.
Em pleno mês de agosto, [no início da Semana nacional da Mobilidade Humana], no mês das viagens e peregrinações, das férias e deslocações, temos Abraão, nosso pai na fé e na esperança, como figura histórica de referência, nesta busca itinerante de uma terra prometida. Ele é a imagem do crente peregrino e do crente que acolhe a Deus, na pessoa do outro. No Evangelho, Jesus pede-nos a prontidão do serviço e a luz da fé, para caminhar vigilantes, na direção da Pátria Prometida, ao encontro do Senhor. Comecemos por reconhecer os nossos medos, fugas e indiferenças em relação aos últimos das nossas sociedades, a quem devíamos justamente dar o primeiro lugar.
No primeiro domingo de agosto, vêm a contragosto as advertências do sábio Coelet, do apóstolo Paulo e do único Mestre, que é Jesus Cristo. Um alerta vermelho contra o risco da avareza, irmã gémea da cobiça e da soberba. Talvez estivéssemos à espera, em tempo de férias, de uma Palavra mais suave, mais deslizante, menos exigente e menos acutilante. Mas não. A Liturgia da Palavra não nos vende ilusões de verão e enche de sabedoria o nosso coração, para nos tornar ricos aos olhos de Deus e nos fazer aspirar às coisas do alto. Em sintonia com o Jubileu dos Jovens, que se concluo este domingo, em Roma, comecemos esta celebração por reconhecer o que há no nosso coração de vacuidade, de avareza, de mentira, de idolatria.
Celebramos o XVII Domingo Comum, que é também o 4.º Domingo do mês de julho, o mais próximo do dia 26 (deste sábado), dia litúrgico em que se faz memória de São Joaquim e de Santa Ana, avós de Jesus. Celebramos neste Domingo o 5.º Dia Mundial dos Avós e Anciãos, sob a inspiração de Ben Sirá, que proclama “Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança” (cf. Sir 14, 2). Os avós, que sonham o futuro dos netos, são, para nós, semeadores e testemunhas de esperança. E os anciãos, que vivem na solidão, precisam que sejamos para eles sinais de esperança. Hoje, a Palavra de Deus, desafia-nos à oração, como primeira força da esperança. A oração abre a porta à esperança (Francisco, Catequese, 20.5.2020). Façamo-lo desde já, contando-nos entre os pecadores, na confiança da misericórdia do Pai, que excede a justiça dos homens.
Em tempo de calor e de férias, a Liturgia da Palavra ensina-nos hoje a cultivar a hospitalidade, o acolhimento cordial, pessoal e pastoral. A hospitalidade generosa de Abraão – que escutaremos na 1.ª leitura – configura-se como uma liturgia do acolhimento, uma festa da alegria do encontro à mesa. A hospitalidade de Marta e de Maria – no Evangelho – mostra-nos que a qualidade do acolhimento não está tanto na qualidade do prato, mas na escuta ativa.A nós, como a Abraão e aos discípulos de Emaús, compete-nos estar atentos e dizer: «Senhor, não passeis adiante, sem parar... sem ficar connosco» (Gn 18,3; Lc 24,29)... porque todos precisamos de«pão para restaurar as forças e podermos continuar o caminho».
Com o verão a aquecer e as férias à porta, o Evangelho faz-nos parar na beira da estrada. Não para ficarmos à sombra, mas para nos fazer olhar e estender a mão a quem mais precisa. A parábola do bom samaritano exalta a compaixão de um estrangeiro e denuncia a indiferença de dois homens, ligados ao culto do templo de Jerusalém. O rosto de Cristo está aí, hoje refletido tanto no pobre que geme, como no samaritano, que vai ao encontro de todos os homens, atribulados no corpo ou no espírito e derrama sobre as suas feridas o óleo da consolação e o vinho da esperança».
Peregrinos da Cidade Santa, peregrinos de esperança, exultamos de alegria ao entrar na Casa do Senhor. Aqui experimentamos a ternura de Deus, no coração da Igreja, nossa mãe. Aqui procuramos e encontramos a Paz que vem de Deus e que Cristo nos oferece, colocando-Se no meio de nós. Preparemos o nosso coração, porque precisamos de construir a paz a partir de nós mesmos, pacificando o nosso coração, retirando dele todo o ódio, todo o ressentimento, toda o desejo de vingança, que ali lançam as suas raízes.
Em dia de Domingo, o primeiro da semana, celebramos a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo. “Estes são os Apóstolos que durante a sua vida na terra plantaram a Igreja com o seu sangue, beberam o cálice do Senhor e tornaram-se amigos de Deus” (Ant. Entrada)! Numa mesma Solenidade, a Igreja celebra o martírio de Pedro, apóstolo e de Paulo, doutor dos gentios. Ambos trabalharam, cada um segundo a sua graça, para formar a única família de Cristo. A Igreja neles alicerçada celebra em festa o dom generoso das suas vidas. E proclama as maravilhas de Deus.