Liturgia e Homilia no XII Domingo Comum C 2016
Destaque

Em clima de oração, os discípulos são chamados a responder a duas perguntas: «Quem dizem as multidões que Eu sou?» e «Vós, quem dizeis que Eu sou?» E só a contemplação do rosto de Cristo, face a face, olhos nos olhos, torna possível oferecer uma resposta pessoal e comprometida, que se traduza em seguimento e em serviço, por amor a Jesus.

Homilia no XII Domingo Comum C 2016

1.A meio do jogo, Jesus faz duas perguntas à seleção dos discípulos, aos Doze que estavam a sós com Ele. A primeira pergunta «Quem dizem as multidões que Eu sou?»… destina-se a saber o que dizem  os jogadores de bancada, os comentadores da «jogada» ou os fazedores de opinião. E, a avaliar pelas respostas, Jesus nem Se pode queixar, porque O têm em alta consideração, no plantel da seleção, entre os mais queridos profetas de Israel. Mas Jesus remata, uma segunda vez, com uma pergunta mais direta e pessoal: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» E, nesta fase do campeonato, já não dá para «passar a bola» a outro. Pedro, o capitão da equipa, respondeu à jogada: «Tu és o Messias de Deus». Foi tão certeiro, que nem ele deve ter percebido como “marcou aquele golaço”! Jesus mandou-os calar. Na segunda parte do jogo, em Jerusalém, vai ser preciso aprender a perder, para ganhar.

2.Detenhamo-nos, agora, a meditar na diferença da resposta, que se espera de cada uma destas perguntas. À primeira pergunta, não custa nada responder. Trata-se de dar uma simples informação, sem necessidade de se comprometer. Aqui a resposta não implica, nem complica, não empenha, nem compromete quem a dá. Já a resposta à segunda pergunta, não deixa ninguém a «jogar a meio campo» e muito menos a dar palpites, do alto da bancada. A resposta implica tomar uma atitude, fazer uma escolha, assumir uma posição. Como se Jesus dissesse aos Doze e a um de cada vez: «declarai-vos abertamente», «abri o jogo»… E aqui já não é mais possível responder, sem se comprometer!

3.Creio que isto é o mais decisivo, para nós, os cristãos, nos tempos que correm. Precisamos de ir a jogo, nas grandes questões, que hoje se colocam, à nossa sociedade, sobre o valor da vida e da morte; sobre a dignidade da pessoa humana, criada à imagem de Deus; sobre a orientação fundamental da liberdade para o bem; sobre os nossos direitos e os deveres correlativos; sobre as balizas éticas, na vida pública, nos domínios da ciência ou na regulação da economia; sobre o cuidado responsável da nossa casa comum; ou até mesmo sobre o que significa, em concreto, a liberdade de aprender e de ensinar.

4.Gostaríamos, talvez, de escapar, frente a perguntas tão incómodas. Ser-nos-ia mais fácil permanecer no campo neutro das interpretações opostas ou nas águas estagnadas das opiniões múltiplas, deixando para os políticos profissionais a decisão democrática! Mas não. Temos o direito e o dever, no contexto de uma sociedade plural, de fazer ouvir e propor o que pensamos, quanto à nossa vida em sociedade e ao nosso futuro coletivo. Em Cristo, temos a medida mais alta da nossa humanidade e, nessa luz, temos uma visão dos limites e da grandeza de toda a pessoa humana. No Evangelho, encontramos um feixe de luz, para a construção de um mundo novo, assente sobre valores, não descartáveis, não negociáveis, segundo a conveniência. Não podemos esconder esta luz, na gaveta da sacristia, nem no armário dos nossos medos.

5.Irmãos e irmãs: Jesus desafia-nos: “Declarai-vos abertamente. Nem que isso vos faça perder a popularidade, retrair o aplauso, ou perder o voto popular. Quem quiser salvar a pele, há de perder a sua face! Mas quem der a cara, por Mim – diz Jesus – salvará a sua vida da desgraça enorme de uma oportunidade perdida”. Trata-se, pois, para todos, de professar a fé em Cristo, com a vida, com o sangue, com a cruz, e fazê-lo todos os dias, sem intervalos, nem pausas, nem férias. Está sempre em jogo a fé, como resposta de amor a Cristo. Declarai-vos abertamente!

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