Liturgia e Homilias no XXXIII Domingo Comum A 2023
Destaque

O Ano litúrgico caminha para o fim.  O Senhor veio, virá e vem ao nosso encontro e diante d’Ele somos chamados a prestar contas sobre o que fizemos do muito que d’Ele recebemos. Enquanto esperamos «o dia do Senhor», somos chamados a vigiar, a estar atentos, não com um medo paralisador e preguiçoso, mas com uma fidelidade alegre, criativa e diligente, fazendo render todos os talentos que o Senhor nos confia. Neste domingo, que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres. Celebramos hoje o 7.º Dia Mundial dos Pobres. O Papa deixa-nos hoje o desafio do velho sábio Tobite ao seu filho Tobias: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). À luz da sua Mensagem, façamos o nosso ato penitencial.

 

 

 

Homilia no XXXIII Domingo Comum A 2023 | VII Dia Mundial dos Pobres

1. Um, três ou cinco talentos, seja quanto for, é uma fortuna multimilionária, se pensarmos que um só talento podia pesar 35 kg. O talento não era, no tempo de Jesus, sinónimo de capacidades ou de dotes naturais. Era uma medida de peso, para metais preciosos. Um só talento de ouro equivaleria, no tempo de Jesus, a 6000 denários. Um denário era o ordenado de um dia de trabalho. Ou seja, um talento podia equivaler ao ordenado de uma vida inteira de trabalho. Seja quanto for, seja como for, a parábola deixa claro: o talento é um dom que se recebe; cada um de nós, segundo a sua capacidade, recebe sempre um imenso dom. Jesus, representado na figura daquele homem que partiu de viagem, é Aquele que nos deixa o dom por excelência, que é o Espírito Santo e com ele todos os dons: o dom da vida e do mundo, o dom do amor e da família,  o dom da amizade e da comunidade, o dom da educação e da formação, o dom da fé e da Palavra, o dom do Batismo e dos outros sacramentos, o dom das nossas riquezas pessoais, materiais e espirituais. Que temos nós, que não tenhamos recebido?! Tudo isso, nos foi entregue e confiado pelo Senhor Jesus!

2. A parábola dos talentos apresenta-nos a atitude dos três servos, que na prática são duas: a do servo bom e fiel que arrisca, investe, inova, partilha, frutifica, duplica e multiplica tudo quanto recebe; a atitude do servo mau e preguiçoso, que tomado pelo medo, esconde, enterra, enjaula, guarda, protege e simplesmente mantém intacto o único, mas valioso talento que lhe foi dado.

3. Este contraste entre o risco e o medo, entre o investimento e a preservação, entre o desenvolvimento e a conservação, entre a espontaneidade e a replicação, entre a ousadia e a timidez, entre a diligência e a preguiça, entre o valor acrescentado e a manutenção, entre a criatividade e a repetição, traz-me à mente um dos mais belos desafios do Papa Francisco na última JMJ, quando se dirigia aos universitários. Dizia ele: “Jovens, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos”.  Na verdade, a pessoa tomada pelo medo retrai, limita-se ao mínimo, cumpre as regras, paralisa, esconde, guarda para si, desconfia, sepulta a vida fingindo viver. Não se dá conta, de que a melhor forma de guardar o dom é usá-lo, investi-lo, partilhá-lo. Eis porque devemos trocar o medo pelo sonho. O sonho comanda a vida (A. Gedeão)!

4. Esta é uma opção que precisamos de fazer, na nossa vida pessoal, familiar, profissional e na vida das nossas comunidades cristãs. Se pretendermos apenas conservar, preservar, replicar, imitar, manter o que temos, faremos da nossa vida uma triste cópia e não um quadro original, faremos da vida da Igreja não um Corpo vivo, mas um museu de recordações. Quem se limita a conservar o que tem, até o pouco que tem lhe será tirado. Quem divide e aplica o que tem, multiplica o que recebe.

5. Em jeito de exame, de prova de aferição, de prestação de contas, cada um interrogue-se hoje, diante do Senhor: Que faço eu da vida que me foi dada? Preservo-a para mim ou dou-a sem medida? Que faço eu da fé que recebi? Guardo-a religiosamente para mim ou contagio-a aos outros? Que faço eu do Espírito Santo que recebi no Batismo, no Crisma e nos outros sacramentos? Um dom para enjaular na gaveta das pias recordações ou um dom para investir na missão? Neste 7.º Dia mundial dos Pobres, também nos faz bem perguntar: Que faço eu dos bens materiais que recebi: uma posse egoísta, usada a meu bel-prazer, como se eu fosse o dono disto tudo? Ou uma partilha generosa dos bens, que afinal são de todos?  Que faço eu deste mundo, que me foi dado viver? Um condomínio fechado e confinado aos meus interesses e desejos ou a Casa Comum habitável para todos e para sempre? Se quiserem, resumam tudo numa pergunta:  sou um administrador de medos ou um empreendedor de sonhos? Por favor, nunca deixeis de sonhar! É pelo sonho que vamos… em frente!

 

 

 

 

 

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