Liturgia e Homilia na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos 2023
Destaque

Alegres na esperança é a proposta que somos chamados a viver, nestes dois dias. Celebrámos, em primeiro lugar, a bem-aventurança dos santos, a feliz condição e a plena realização de Todos os Santos. Exultamos de alegria: a alegria completa, a alegria que é participar da vida nova da ressurreição. Por graça de Deus, os Santos, já alcançaram a meta do Paraíso e querem-nos atrair para aí, para o coração de Deus. Entre “Todos os Santos” estarão muitos que viveram e conviveram connosco: santos de “ao pé da porta”, que foram nossos familiares, amigos, conterrâneos, da nossa idade e profissão. Esta comunhão dos santos e de santos, faz-nos rezar e celebrar a Eucaristia, para apressar e intensificar o caminho de purificação que nos conduz ao Céu. Rezemos juntos, vivos e defuntos, uns com os outros e uns pelos outros. Rezemos pelos que partiram antes de nós, confiantes de que também eles intercedem por nós junto de Deus. É agora o dia e a oportunidade de proclamar a última bem-aventurança: «bem-aventurados os que morrem no Senhor» (Ap 14,13).

 

Homilia na Comemoração de Fiéis Defuntos 2023

Sede alegres na esperança(Rm 12,12)!Este é o apelo que resume tudo o gostaria de vos dizer, neste dia de celebração e de encontro com a memórias das nossas raízes e as raízes da nossa esperança. Valeria a pena, interrogar-nos, hoje, sobre que o nos move nesta peregrinação, nesta visita ao cemitério, e sobre o que possam significar os múltiplos gestos e sinais que realizamos nestes dias: a decoração com flores, as velas acesas, as frases gravadas nas lápides, as nossas lágrimas, o silêncio meditativo e a oração pelos defuntos. Interroguemo-nos, pois:

1. Decoramos com belas flores as sepulturas, que atraem o nosso olhar. Trata-se apenas de um apelo a pôr os olhos no chão, a recordar que somos pó da terra, como a flor do campo, com uma vida frágil e breve? Ou este é sobretudo um sinal da nossa confiança, de que no Céu, os nossos irmãos intercedem por nós, caminham connosco e fazem descer sobre nós uma chuva de rosas, um caudal de bênçãos?

2. Acendemos velas, que se gastam e extinguem. Fazemo-lo apenas como um sinal de gratidão imensa por tantas vidas, cujo rasto de luz continua a iluminar o nosso caminho? Ou as velas acesas significam, ainda mais do que isso, a nossa expetativa vigilante, como quem aguarda, de lâmpadas acesas (Lc 12,35-40), o encontro definitivo e feliz com o Senhor?

3. Inscrevemos nas lápides declarações de amor eterno, promessas de não esquecimento. Fazemo-lo, então, como se a vida dos outros durasse apenas o tempo da nossa vida e perdurasse apenas na medida do nosso sentimento? Ou estas palavras, gravadas em bronze com estilete de ferro, esculpidas em pedra para sempre, são uma profissão de fé na Ressurreição, a esperança firme de que o nosso Redentor está vivo e, que no último dia Se levantará sobre a terra, para nos fazer ver a Deus (cf. Jb 19,23-27)? As belas declarações, tais como “jamais morrerás nos nossos corações; nunca te esqueceremos”, esgotam-se com a nossa morte ou são um indicador da nossa confiança em Deus, que é maior do que o nosso coração, e um indício da nossa esperança no amor de Deus, sempre mais forte do que a morte?

4. Estamos aqui, dobrados, junto das sepulturas, em silêncio, rezando com fé ou meditando na vida e na morte.  Correm lágrimas sobre o nosso rosto. Choramos apenas para suavizar a dor e a saudade de quem partiu antes de nós e cujas vidas se entrelaçam com as nossas? Choramos, porventura, desesperados, como quem censura o Senhor, porque nos levou para junto de Si quem mais amávamos (Jo 11, 21-27)? Ou as nossas lágrimas são sobretudo a lente que nos abre os olhos da fé à esperança da Ressurreição e da Vida, que Cristo trouxe à nossa frágil humanidade?

5. Irmãos e irmãs: estamos todos aqui, irmanados, no mínimo, pelos mesmos sentimentos de grata memória, por quem nos morreu. Mas seria tão bom que a nós, que nos dizemos cristãos, nos movesse a grande e feliz esperança da ressurreição, o desejo de estar com Cristo, para não andarmos tristes (1 Ts 4, 13-18)como os que vivem sem Deus e sem esperança (Ef. 2,12). Chegou, por isso, o momento de nos colocarmos a questão mais radical: para nós, cristãos, a fé cristã é apenas um estilo para a vida presente ou é também um caminho de esperança na vida eterna, que transforma e sustenta desde já a nossa vida? Queremos nós realmente viver eternamente? Ou a vida eterna parece-nos algo de interminável, aborrecido, não desejável, um obstáculo a quem deseja aproveitar a vida presente? Imaginamos nós a vida eterna, porventura como um repouso inativo e fastidioso, ou como o sonho de uma vida inteira, de uma vida cheia de Deus, capaz de continuar a fazer o bem sobre a Terra? Olhamos para a vida eterna como uma condenação à sucessão contínua de dias do calendário? Ou esperamos a vida eterna como um dom do amor que não acaba, uma inundação de alegria, no encontro com Cristo vivo? Essa é a promessa de Jesus: «Eu hei de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16,22). Por isso, irmãos e irmãs, não vos contristeis como os outros. Sois cristãos? Sede alegres na esperança (Rm 12,12)!

 

 

 

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