Liturgia e Homilias no XXI Domingo Comum C 2022
Destaque

O fogo da Palavra não dá tréguas no mês de agosto. Esforço e correção não parecem combinar com o calor preguiçoso do verão. Mas Jesus deixa clara esta advertência: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13,24)! A nós, que O escutamos e aqui comemos e bebemos com Ele, Jesus adverte-nos, que é preciso validar o bilhete de entrada, no banquete do Reino, com o esforço da caridade. Já o autor da Carta aos Hebreus recorda-nos hoje que “o Senhor corrige aqueles que ama”, tendo em vista frutificar em nós a paz e a justiça. Nesta celebração, cada um faça a sua prova de esforço, deixando-se corrigir, com amor, pela Palavra do Pai, que bate à porta e vem conversar amorosamente com os seus filhos.

Homilia no XXI Domingo Comum C 2022

Esforçai-vos por entrar pela porta estreita (Lc 13,24)!

1. O tema da hospitalidade sugere-nos a proposta de uma Igreja acolhedora, de portas abertas e de trato simpático, educado, facilitador, sem burocracias, menos preocupada com as regras, para deixar entrar a todos e incluir todos aqueles que se sentem marginalizados nas periferias da sociedade, da família e da Igreja. Estaremos todos de acordo com uma Igreja assim: uma Igreja aberta, uma Igreja para todos. Mas, à luz do Evangelho, já não se diria, que tenhamos de construir uma Igreja para tudo, uma espécie de supermercado religioso, a preços de saldo, com produtos a gosto do cliente! O acolhimento não pode ser um mero expediente turístico ou comercial, para atrair e garantir fregueses a todo o custo. Acolher bem é também ter a coragem de interpelar o outro, de lhe propor novos caminhos, de lhe oferecer um espaço de vida nova, de lhe abrir horizontes eternos. Acolher com cordialidade implica também a ousadia da proposta do que temos de melhor a oferecer (a Palavra do Evangelho, o Pão da Eucaristia, a graça do perdão e da salvação), o que requer de quem bate à porta e quer entrar a disposição para a conversão, para a mudança da mente, do coração e da vida. Ora, não vemos muito por aí, entre os que reclamam uma Igreja de portas abertas, que os mesmos exijam, em contrapartida, corações abertos à mudança, pessoas disponíveis a aceitar o Evangelho como regra, para alcançar o limiar desta Porta. Essa Porta está sempre aberta para todos. Sim. Mas é uma Porta estreita!

2. O tal Jesus de mãos-largas, que não contabiliza os que se salvam, não nos ilude com uma passagem sem controle de bagagens, peso e medida. Para passar por aquela Porta estreita, é preciso largar muita tralha de vida que nos atrapalha, deixar para trás a cavalaria das falsas seguranças com que ocupamos e alargamos os nossos espaços. Esta é a Porta da humildade, o queimplica fazer-se pequenino, tornar-se criança, desinchar da presunçosa ciência, dos nossos títulos e orgulhos e, sobretudo, travar um combate paciente contra a mania do «eu», que não dá espaço a Deus, nem lugar aos outros.Por isso, a troco de uma Igreja acolhedora, não podemos cair na tentação da graça barata: “A graça barata é a pregação do perdão sem conversão, é o batismo sem o esforço da vida em comunidade, é a Ceia sem a confissão dos pecados, é a absolvição sem arrependimento pessoal. A graça barata é a graça sem seguimento de Cristo, a graça sem cruz”(Dietrich Bonhoeffer).

3. A tal Igreja acolhedora, de portas abertas, deve escancarar, mas não pode «alargar» esta porta estreita, não pode deixar de propor uma verdadeira prova de esforço a quantos querem entrar por esta Porta, que é Cristo (Jo 10,7). Trata-se de uma prova de esforço que meça a vontade firme e perseverante de viver segundo o Evangelho, a coragem para travar «o bom combate da fé» (1 Tm 6, 12), a disposição diária para amar a Deus e ao próximo. Façamos, todos juntos, esta prova de esforço,para controlar a nossa tensão arterial para a santidade; para analisar a frequência cardíaca das nossas boas ações. Pode ser necessário – e será com certeza – corrigir desvios, cortar nas gorduras, fazer dieta dos excessos. E que tal um pouco mais de fitness espiritual?!

4.Ah, bem sei que o calor deste verão de seca extrema não nos recomendará grandes exercícios de aquecimento! Mas Jesus não nos deixa a arder em lume brando. Ele pede-nos um esforço, uma verdadeira prova de fogo, uma correção séria da rota da nossa vida, um salto qualitativo audaz, uma conversão sincera. Aos que assim forem exercitados, Ele dará um fruto de paz e de justiça. E fará entrar por uma Porta, que é afinal uma janela aberta no Seu coração, com largas vistas para o Céu.

 

 

 

 

 

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