Liturgia e Homilias no XIX Domingo Comum C 2022
Destaque

Em pleno mês de agosto, no início da Semana Nacional da Mobilidade Humana, no mês das viagens e peregrinações, das férias e deslocações, temos Abraão, nosso pai na fé, como figura histórica de referência, nesta busca errante de uma terra prometida. Ele é a imagem do crente peregrino e do crente que acolhe a Deus, na pessoa do outro. No Evangelho, Jesus pede-nos a prontidão do serviço e a luz da fé, para caminhar vigilantes, na direção da Pátria Prometida, ao encontro do Senhor. Comecemos por reconhecer os nossos medos, fugas e indiferenças em relação aos últimos das nossas sociedades, a quem devíamos justamente dar o primeiro lugar.

Pároco ausente em peregrinação à Terra Santa

1.ª proposta

HOMILIA NO XIX DOMINGO COMUM C 2022 [1]

«Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas» (Lc 12, 35).

 

1. «Estejam apertados os cintos»: esta não é uma indicação para iniciar uma viagem de férias, de carro ou de avião. A imagem recorda a atitude do peregrino, pronto a pôr-se a caminho! Não se trata, pois, de assentar praça em residências confortáveis e tranquilizadoras, mas de nos abandonarmos a nós mesmos, de nos abrirmos com simplicidade e confiança à passagem de Deus nas nossas vidas, à vontade de Deus, que nos guia sempre para a meta seguinte. O Senhor caminha sempre connosco e acompanha-nos muitas vezes com a mão, para nos guiar, para não nos enganarmos neste caminho difícil. Quem confia em Deus sabe bem que a vida de fé não é algo de parado, mas de dinâmico! A vida de fé é um percurso contínuo, que leva a etapas sempre novas, surpreendentes, indicadas pelo próprio Senhor, dia após dia.

2.E logo depois de apertar os cintos, Jesus pede-nos para acendermos as luzes: «Estejam acesas as lâmpadas». É preciso iluminar a escuridão da noite, viver uma fé autêntica e madura, capaz de iluminar as muitas «noites» da nossa vida e da vida dos outros. Todos nós sabemos, todos nós vivemos dias que foram verdadeiras noites espirituais, de dúvida, vazio, angústia e sofrimento. As lâmpadas da fé devem ser alimentadas continuamente, com o encontro de coração a coração com Jesus, na oração e na escuta da sua Palavra, na intimidade da Eucaristia, que ilumina a nossa vida e nos abre os olhos para a Sua presença. Esta lâmpada do encontro com Jesus é-nos confiada para nosso bem e para o bem de todos.

3. E para nos fazer compreender esta atitude, Jesus conta a parábola dos servos vigilantes que esperam o seu senhor chegar do casamento. Com ela Jesus dá uma nova indicação: é preciso estarmos atentos, de malas feitas, prontos para a última viagem, para o nosso encontro derradeiro e definitivo com o Senhor. A vida é um caminho para a eternidade; por isso, somos chamados a fazer frutificar cá todos os talentos que temos, sem jamais nos esquecermos de que «aqui não temos uma cidade permanente, mas procuramos a futura» (Hb 13, 14). Nesta perspetiva, cada momento torna-se precioso, e por isso devemos viver e agir nesta terra com a nostalgia do Céu: com os pés no chão, caminhar e praticar o bem sobre a terra, mas sempre de corações ao alto!

4.Irmãos e irmãs: não conseguiremos compreender plenamente em que consiste esta alegria maior, que o Senhor nos reserva em plenitude, mas Jesus faz-nos intuir algo, quando nos diz o que fará aos servos vigilantes: «Cingir-se-á, mandará que se ponham à mesa e há de servi-los» (Lc 12, 37). Na alegria do Paraíso, já não somos nós que serviremos a Deus, mas é o próprio Deus que se colocará ao nosso serviço. E Jesus age assim desde já: vemo-lo na última ceia a cingir o manto à cintura e a lavar os pés aos discípulos. E também hoje Jesus ora por nós, junto do Pai. Também, aqui e agora, nesta Eucaristia, Jesus serve-nos à Sua mesa! E esta será uma alegria maior, no encontro final e nupcial com Ele.

5. Em tempo de verão, ao saborearmos tantas coisas boas da terra, não percamos a visão da pátria definitiva, a perspetiva do caminho em direção ao Céu. A imagem do encontro final com o Esposo enche-nos de alegre esperança e estimula-nos a construir um mundo mais justo e fraterno e a servir os outros. Não há melhor maneira de preparar a vida eterna do que viver o presente como presente, na alegria do serviço aos outros. O desafio para chegar ao Céu é este: Abraça o presente, juntos por um caminho novo: um caminho, que se faz de noite e de dia. Um caminho com saída para a única vida que vale a pena!

 

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Pároco ausente em peregrinação à Terra Santa

2.ª proposta

Homilia no XIX Domingo Comum C 2022

 Início da Semana Nacional da Mobilidade Humana

 

1. Os rins cingidos são uma bela imagem do peregrino, pronto para servir e pronto para partir, até alcançar a Pátria eterna, no seu encontro definitivo com o Senhor, o divino Esposo. As lâmpadas, que guiam o caminho, na noite da nossa vida, indicam a necessidade da luz da fé, para não perdermos de vista, nem do horizonte dos nossos passos, a cidade futura, a pátria eterna e definitiva. Na 2.ª leitura, o autor da Carta aos Hebreus, fala-nos de um peregrino exemplar, Abraão, imagem do estrangeiro, do migrante que caminha, de terra em terra, desejoso de alcançar a cidade cujo arquiteto e construtor é Deus

2. O Papa Francisco, na sua Mensagem para o Dia Mundial do migrante e do refugiado, parte desta imagem peregrina de Abraão, o qual nos ensina que não temos aqui cidade permanente, mas procuramos a futura (Hb 13, 14).Procuramos, como ele, uma cidade, uma terra, uma casa, cuja construção nos envolva a todos, um mundo onde todos possam viver em paz e com dignidade.

3. Na verdade, todos nós, como Abraão, «esperamos uns novos céus e uma nova terra, onde habite a justiça» (2 Pd 3, 13). A justiça deste Reino implica eliminar as desigualdades e discriminações, de modo que ninguém seja excluído. A instauração deste Reino implica colocar no centro os habitantes das periferias existenciais, entre os quais sobressaem os migrantes e refugiados. A construção do Reino de Deus é feita com eles, porque, sem eles, não seria sequer o Reino que Deus quer. A inclusão das pessoas mais vulneráveis é, pois, uma condição necessária para se obter plena cidadania no Reino dos céus.

4. Irmãos e irmãs: somos desafiados a construir o futuro com os migrantes e os refugiados. E isso significa e implica reconhecer e valorizar tudo aquilo que cada um deles pode oferecer a esta construção. A chegada dos estrangeiros é uma fonte de enriquecimento, quer para o desenvolvimento social, económico e cultural dos países acolhedores, quer mesmo para a renovação da nossa Igreja envelhecida. O seu trabalho, capacidade de sacrifício, juventude e entusiasmo enriquecem as comunidades que os acolhem. A chegada de migrantes e refugiados católicos às nossas paróquias pode dar nova energia à vida eclesial, pois frequentemente eles são portadores de dinâmicas revigoradoras e pessoas animadoras de celebrações cheias de entusiasmo. Acolhamo-los, abracemos o presente desta sua vinda até nós e do seu contributo original à construção da Igreja. Caminhemos e construamos juntos, uma Igreja renovada. Graças a eles, podemos sentir mais de perto a universalidade da Igreja, onde não há estrangeiros, mas em que somos todos concidadãos do Reino dos Céus.

5. Por isso, como peregrinos e habitantes da nova Jerusalém, saibamos manter sempre abertas de par em par as portas da cidade, da nossa casa, do nosso mundo, da nossa Igreja, para que eles possam entrar com todos os seus dons. E são tantos.

6. Queridos irmãos e irmãs: Deus nos ajude a construir um futuro, abraçando o presente que Deus nos oferece agora na pessoa e no contributo de cada migrante ou refugiado, que chega até nós, na procura de uma Pátria melhor.

7. Peregrinemos juntos, por um caminho novo, para que venha a nós o Reino de Deus: um Reino de justiça, de fraternidade e de paz, com todos e para todos.



[1] TEXTO INSPIRADO NA A REFLEXÃO DO PAPA FRANCISCO, ANGELUS, 11.08.2019

 

 

 

 


 

 

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