Setenta vezes sete não é uma conta que se faça de cabeça, para definir o teto máximo do perdão. Não. Setenta vezes sete é uma operação, sem lógica, que se faz a partir do coração. De todo o coração. O coração é a porta por onde entra e por onde sai o perdão. Entra pela porta do nosso coração o perdão de Deus em valores elevados ao infinito, que jamais poderíamos saldar. E às vezes – que tristeza – não sai do coração o perdão para o irmão. A Palavra de Deus hoje quer mostrar-nos que estamos todos em dívida para com Deus e para com os irmãos. Por isso, só um grande perdão nos poderá curar e salvar. Recebamo-lo, para o podermos oferecer.

Setembro é o mês de todos os regressos: o regresso a casa e à família, o regresso à escola e ao trabalho, o regresso à comunidade paroquial e à vida pastoral. Ao celebrarmos o domingo, o primeiro dia da semana, sentimos o apelo do encontro com o Senhor e do reencontro com os irmãos. Olhando-nos uns aos outros, aqui reunidos, podemos exclamar, como o salmista: “Ó como é bom e agradável viverem os irmãos bem unidos” (Sl 133/132,1), porque “onde dois ou três se reunirem em Meu nome – disse Jesus– Eu estarei no meio deles” (Mt 18,2o).Mas, ao olharmos para o nosso lado, sentimos também a falta de quem não veio, de quem desertou, de quem desistiu ou se zangou. Somos todos chamados a sair ao encontro de cada irmão, para o atrair para Cristo, para o reconduzir à alegria da comunhão. 

Estamos em setembro, a recomeçar o nosso Caminho. E queremos fazê-lo juntos, na alegria de ser e de viver em comunidade. Jesus não ilude com promessas de facilidades os que O desejam seguir. Somos desafiados por Jesus a segui-l’O pelo caminho da Cruz ou, no dizer de São Paulo, a oferecermo-nos “como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, como culto espiritual”.  Comecemos, então, este encontro com Ele, nesta celebração, reconhecendo a necessidade de transformação do nosso coração, da nossa mente e da nossa vida, para seguir a Cristo, no caminho da fé.

O clima social e meteorológico do mês de agosto parece mais propício à evasão, à fuga e à distração, do que ao silêncio, à reflexão, à surpresa, ao estado de maravilhamento ou ao espírito de interrogação. Deixemo-nos interpelar pelas muitas perguntas e desafios, que a Palavra de Deus faz ressoar em nossos corações. E que este encontro com Cristo vivo na sua Igreja dê glória a Deus para sempre!

Somos convocados, mais uma vez, neste domingo, a louvar e a engrandecer a fé de uma mulher, de uma estrangeira, de uma libanesa, de uma pagã. O Senhor desafia-nos a acolher e a escutar o grito dos mais pobres, dos excluídos, dos estrangeiros, de modo que a família, a Igreja e o mundo se tornem verdadeira Casa comum, Casa de oração, para todos os povos (cf. 1.ª leitura), para todos os filhos de Deus, que andam dispersos. Que esta Igreja seja uma Mãe de coração aberto, a todos os que queiram entrar. Confiemo-nos desde já ao Senhor, que usa de misericórdia para com todos (cf. 2.ª leitura).

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