Liturgia e Homilia no XXIX Domingo Comum C 2016
Destaque

Há oito dias, dissemos que a Eucaristia é o nosso «obrigado» a Deus Pai, por nos ter dado o Seu Filho e com Ele o dom do Espírito Santo. E, por isso, mais uma vez, acorremos a esta fonte, para alimentar a nossa fé. Preparemos agora, o nosso coração, para escutar a Palavra de Deus, que hoje nos recorda a necessidade de acorrer a outra fonte: a oração. Com a oração, de noite e de dia, preparamos e prolongamos a nossa Eucaristia.

Homilia no XXIX Domingo Comum C 2016

 

1.Rezar sempre e sem descanso”. Não se trata aqui de rezar, às vezes, ou quando tenho vontade. Não! Jesus diz que é preciso «orar sempre, sem se cansar». E di-lo numa parábola, em que a protagonista é uma pobre viúva, uma mulher só, lutadora, desapoiada de qualquer proteção social; todavia, eis-nos diante de uma mulher forte, digna, que luta pelos filhos, não se rende à injustiça, não cede ao mal, não desiste, não se agasta nem se desgasta, com a lentidão do tempo ou da justiça; não deixa cair os braços, frente a nenhum poder. Ela insiste e persiste, com a sua súplica, pedindo que se lhe faça justiça, que o juiz faça o que deve fazer!

 

2. E, desta parábola, Jesus tira uma conclusão: se a viúva conseguiu convencer o juiz desonesto com os seus pedidos insistentes, tanto mais Deus, que é Pai bom e justo, «fará justiça aos seus escolhidos, que clamam por Ele dia e noite»; e além disso, não os «fará esperar muito tempo», mas agirá «imediatamente» (Lc 18, 7-8).

3. Mas interroguemo-nos: Por que motivo Deus quer isto? Não conhece Ele já as nossas necessidades? Que sentido tem «insistir» com Deus? Trata-se de uma boa pergunta, que nos faz aprofundar um aspeto muito importante da nossa fé:

3.1. Deus convida-nos a rezar, com insistência, não porque não saiba do que nós temos necessidade, nem porque não nos oiça! Pelo contrário, Ele ouve sempre e conhece tudo acerca de nós, com amor. Neste sentido, nós rezamos sempre, não porque a resposta tarda, mas porque a resposta de Deus é infinita. Deus só pode dar-Se a Si mesmo, mas ao dar-Se a Si, dá-nos tudo. Deus é um dom que não tem fim! Eis porque não podemos deixar de O invocar, para O receber continuamente.

3.2. Rezamos, com insistência, porque precisamos sempre da Sua força, e especialmente, nas dificuldades, na luta contra o mal, fora e dentro de nós. Nós lutamos, tendo-O ao nosso lado, e a nossa arma é precisamente a oração, que nos faz sentir a Sua presença, a Sua misericórdia e também a Sua ajuda.

3.3. Ora, esta luta contra o mal é árdua e longa, exige paciência e resistência — como Moisés, que devia manter as mãos levantadas, para fazer com que o seu povo vencesse (cf. Ex 17,8-13).É assim: há uma luta a empreender todos os dias, porque o mal não desarma; mas Deus é o nosso aliado, a fé n’Ele é a nossa força. “Parece incrível, mas é assim: Deus tem necessidade das nossas mãos erguidas. A força que, em silêncio e sem ruído, muda o mundo e o transforma em Reino de Deus é a fé. E a expressão da fé é a oração” (Bento XVI). Por isso, Jesus interroga-Se: «Quando voltar, o Filho do homem encontrará fé sobre a terra?» (Lc 18,8).

4. E esta interrogação alerta-nos: não devemos desistir da oração, mesmo quando parece não surtir efeito. Na verdade, a oração não é uma varinha mágica! Ela ajuda a conservar a fé em Deus, a confiar em Deus, até quando não compreendemos a Sua vontade. É a oração que mantém acesa a chama da fé, pois sem ela a fé vacila! Se, em nós, se apaga a fé, apaga-se também a oração. E, se, em nós, se apaga a oração, apaga-se também a fé e caminhamos na escuridão.

5. Este é o desafio pastoral deste ano: «Com Maria, renovai-vos nas fontes da alegria». Uma das fontes a que é preciso recorrer, sempre e sem se cansar, é esta da oração. Isso mesmo nos lembra, com insistência, Maria, no Evangelho, e a mensagem de Fátima, com a poderosa oração dos «pequeninos», dos pastorinhos indefesos, como aquela viúva, mas vitoriosos, diante dos grandes deste mundo! É preciso rezar sempre, rezar muito, porque a nossa ânfora da fé rapidamente se esvazia, fica seca de repente e, então, é preciso que nos apressemos a levá-la de novo à fonte, para a encher até cima, de paz, de força, de alegria, de coragem, de luz. Como em Caná, Maria intercede por nós, para que se encham até cima, as ânforas da nossa fé, e voltem a brotar, com toda a força, as fontes da alegria!

 

Homilia na Missa com Catequese – XXIX Domingo Comum C 2016

 

Jesus conta-nos uma parábola sobre a necessidade de rezar, de rezar sempre e de rezar sem se cansar. Na prática, são três coisas. Vamos pensar numa de cada vez:

 

1.Temos necessidade de rezar! Às vezes, parece que não. Parece que a oração não faz falta, porque não tem efeito prático, porque é uma perda de tempo! E, no entanto, esquecemo-nos de que é a oração que abre a porta do coração à ação de Deus. É a oração que mantém acesa a chama da fé. Sem oração, não há conversão do coração, e sem a mudança do coração não há transformação do mundo. Se queremos mudar o mundo, precisamos de rezar!

2. Devemos rezar sempre! Disso nos dá o exemplo a viúva, que não deixa cair os braços. Devemos rezar sempre,porque a nossa luta pelo bem contra o mal é de todas as horas e de todos os dias. As nossas forças esgotam-se, como o azeite na lamparina, ou como a água num cântaro. Precisamos, por isso, continuamente de acorrer à fonte da oração, para os encher até cima, a fim de fazer brotar em nós as fontes da alegria, da luz e da paz.

3. Mas como rezar sempre e sem se cansar?! Como rezar sempre e não apenas quando me apetece? Como rezar sempre, se temos tanto que fazer, se o tempo não nos chega para nada?

Pensemos quando estamos longe do pai e da mãe e não deixamos de nos lembrar deles e gostamos de o mostrar, ligando ou enviando uma mensagem.

Pensemos numa mãe ou num pai, que se ocupam e preocupam com os seus filhos 24 horas por dia, mesmo quando não estão juntos.

Pensemos num marido e numa esposa, que, mesmo quando não estão juntos, se mantêm unidos, dia e noite!

E que fazem eles para fazer sentir a sua proximidade? Têm momentos fortes, para estarem juntos, à mesa, em família, em casa, num passeio, numa tarefa familiar, numa viagem.

Mas nos outros momentos do dia a dia, estão presentes, através de um simples pensamento, de um desejo, e, de vez em quando, mandam uma simples mensagem, fazem um breve telefonema. Também para nós, rezar sempre significa ter alguns momentos especiais, para estar junto do Senhor, em oração: de manhã ao levantar, à noite ao deitar, à mesa, ou quando vimos à missa. Mas, no resto do tempo, rezar sempre, significa, por exemplo, ir de viagem, e “levantar os olhos para o céu”, com um pensamento, uma palavra, um desejo; significa, por exemplo, numa pausa ou no intervalo de uma aula, “erguer as mãos para Deus”, voltar o nosso pensamento e o nosso coração para o Senhor. Durante o dia, podemos cantar ou repetir uma frase da Bíblia, rezar um pai-nosso ou uma ave-maria! “Na verdade, um coração habitado pelo amor a Deus torna oração até um pensamento sem palavras, ou uma invocação diante de uma imagem sagrada. É bonito, por exemplo, quando as mães ensinam os filhos pequenos a lançar um beijo a Jesus ou a Nossa Senhora. Quanta ternura há nisto! Naquele momento, o coração das crianças transforma-se em lugar de oração” (Papa Francisco, Audiência, 26.08.2015). Em casa, “podem-se encontrar alguns minutos, para estar unidos na presença do Senhor, dizer-Lhe as coisas que nos preocupam, rezar pelas necessidades familiares, orar por alguém que está a atravessar um momento difícil, pedir-Lhe ajuda para amar, dar-Lhe graças pela vida e pelas coisas boas, suplicar à Virgem que os proteja com o seu manto de Mãe” (AL 318). Se aprendermos a “conversar com Deus”, com a mesma espontaneidade com que aprendemos a dizer «pai» e «mãe», aprendê-lo-emos para sempre!

Caríssimos: em Fátima, Nossa Senhora pediu a três crianças, que rezassem muito, para que o mundo se transformasse. Maria também nos fez perceber que a oração dos pequeninos, dos pobres e dos simples, é ainda mais poderosa, que qualquer outra! Rezemos, por isso, com as crianças. E rezemos como crianças! Rezemos sempre, por muito pobre e pequenina que seja a nossa oração! 

Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk