Liturgia e Homilia no XVI Domingo Comum C 2016
Destaque

1.Com as férias à porta, cai-nos muito bem este episódio do encontro de Jesus, com Marta e Maria, irmãs de Lázaro. A censura de Jesus a Marta, pela sua agitação interior e pelo seu frenesim descontrolado, parece um claro sinal de «stop», quando já não conseguimos parar, para escutar, conversar, rezar e descansar. Na verdade, quem não descansa, não avança. 

E, se realmente queremos fazer bem o bem, que fazemos todos os dias, de vez em quando é preciso que o deixemos de fazer. O elogio a Maria, pela sua hospitalidade serena, feita sobretudo de «escuta atenta aos pés do Senhor», desafia-nos a escolher a melhor parte, a dar espaço e tempo ao recolhimento interior. É preciso rezar, não para deixar de fazer o bem necessário, mas sim, para nos defendermos dos perigos de uma atividade excessiva, pois uma vida frenética acaba, muitas vezes, por endurecer o coração.

2.A advertência de Jesus a Marta é, pois, uma exortação muito preciosa para nós, hoje, habituados a considerar tudo com o critério da produtividade e da eficácia. Na verdade, sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer, até o fazer bem, se esvazia, a ponto de darmos muito produto e pouco fruto. Sem oração, e sem o encontro com Cristo, a nossa atividade, e mesmo as famosas obras de misericórdia, perdem a sua alma profunda, pois, então, tudo se reduzirá a um simples ativismo que, no final, nos deixa insatisfeitos. Para o cristão, as obras de serviço e de caridade nunca estão separadas da fonte principal de cada uma das nossas ações: ou seja, a escuta da Palavra do Senhor, o facto de se estar, como Maria, aos pés de Jesus, na atitude do discípulo. Marta é repreendida, não por cumprir o seu serviço doméstico e as mais básicas obras de misericórdia, mas porque considerava essencial só aquilo que ela estava a fazer, ou seja, encontrava-se demasiado absorvida e preocupada com as coisas a «fazer», quando afinal Jesus estava ali, mais para ser escutado, do que para comer.

3.Queridos irmãos e irmãs: também na nossa vida cristã, a oração e a ação permaneçam sempre profundamente unidas. Uma oração que não leva à ação concreta, a favor do irmão pobre, doente e necessitado de ajuda, o irmão em dificuldade, é uma prece estéril e incompleta. Mas do mesmo modo, quando no serviço, dentro ou fora da Igreja, só prestamos atenção à ação, quando damos mais importância às coisas, às funções e às estruturas, esquecendo-nos da centralidade de Cristo, sem reservar tempo ao diálogo com Ele na oração, corremos o risco de nos servirmos a nós mesmos, e não a Deus, presente no irmão necessitado.

4.São Bento resumia o estilo de vida, que indicava aos seus monges, com duas palavras: «ora et labora»reza e trabalha. É da contemplação, de uma forte relação de amizade com o Senhor, que nasce em nós a capacidade de viver e de anunciar o amor de Deus, a sua misericórdia, a sua ternura pelo próximo. E também o nosso trabalho com o irmão em necessidade, a nossa tarefa de caridade nas obras de misericórdia, nos levam até junto do Senhor, para que nós vejamos precisamente o Senhor no irmão e na irmã necessitados. Mas esse olhar de misericórdia, procede de uma visão, que só a fé, alimentada pela oração, nos oferece.

 

5.Há uma bonita invocação da tradição cristã, que podemos recitar antes de cada atividade. E que nos pode ajudar a rezar bem, para fazer melhor. Reza assim (cf. Missal, p. 171, Oração coleta, 5.-ª feira depois das Cinzas):

 

“Fazei, Senhor,

que a vossa graça inspire sempre as nossas obras

e as sustente até ao fim,

para que toda a nossa atividade

por Vós comece e em Vós acabe”. 

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